Aquele pássaro...

A sua côr...

O seu cheiro...

O seu som e a sua solidez...

Nada sei sobre ele...

... Nada!

Apenas sei o que os meus sentidos,

Transmitem à minha consciência.

Como as coisas seriam

Fora da minha consciência,

Não o posso saber...

O meu mundo que,

Na sua essência, é vontade de viver!

É um mundo de sofrimento e de dor!

Esta vontade cega não encontra,

Fora de si, nada que seja o fim,

Nada onde possa descansar!

O próprio ser de vontade,

É um querer incessante e eterno,

Um ansear que nunca é satisfeito!

A satisfação é a contradição lógica da vontade!

É uma vontade insaciável... sem meta,

Sem sentido... que revira surdamente

As entranhas do universo, multiplicadas e fragmentadas,

Em tempo e espaço... na fome e na sede,

E no desejo violento!

Todo o desejo é sofrimento,

É a expressão de algo que nos falta,

E de que necessitamos com urgência!

Quanto maior a sensibilidade,

maior o sofrimento!

Enquanto o desejo é infinito e eterno,

A satisfação é limitada e breve!

Do desejo satisfeito já nasce um novo desejo!

Alcançamos um estado de saciedade.

Surge o tédio, tortura igual à do desejo.

Assim a vida é como um pêndulo que oscila

entre o sofrimento e o tédio...

E páginas e páginas...

... da nossa existência!!!