domingo, julho 16, 2006

Silêncio

Os meus pés descalços interrompem o silêncio

perturbante deixado pelo mar.

Tocam a areia ... Areia quente dos raios de sol.

Toque repleto de sensações novas que se multiplicam.

No ar o cheiro ... a maresia ...

Cheiro que os pés não sentem mas que os envolve ...

e o sabor a sal que a pele retém.

O cheiro mantém-se e o sabor varia com a intensidade do mar.

De vez em quando uma onda mais rebelde que transforma

todo o calor maçador em choques agradáveis de frio e de água.

Perco-me e encontro-me em sentimentos sem sentido

e sentidos sem sentimento.

As forças começam a abandonar os meus pés.

Mas eles encontram energia para brincarem um com o outro,

para se enterrarem na areia e temperar com a água os seus dedos.

Incapazes de sentir o calor ou o frio, a dor ou o conforto,

amparam-se um ao outro e permitem à areia que mergulhe

por entre os seus dedos como eles mergulharam nela.

Anestesiados pelo tempo os meus pés estacam ...


um passo em frente e o silêncio regressa ...