
Já lá vai o tempo que tremia dos pés à cabeça,
ficava com a garganta seca e as mãos geladas.
A idade tem destas vantagens.
Agora é apenas uma ligeira e domesticada inquietude,
minutos antes do encontro, a vontade de estar
aprazível aos seus olhos sem parecer que me
arranjei somente para ele.
Quando pontualmente ele aparece é como se o
mundo inteiro deixasse de existir.
Mesmo assim, já me domino e
a minha atitude é sempre
irrepreensivelmente moderada.
Tento dar o meu melhor.
Não consigo... fico desarmada,
sou muito óbvia, excessivamente fácil...
muito próxima...
Continua apanhar-me por dentro mesmo
que eu finja que o estou a pôr de fora.
Depois de estar com ele sinto-me indefesa,
pior que tudo, insegura!
De repente perco a convicção, a consistência...
fico à deriva!
No entanto é bom vê-lo, abrir-me com ele,
deixá-lo falar, ajudá-lo o muito pouco
que posso com a minha proximidade e
o meu eterno apoio.
Deve ser isto gostar muito de uma pessoa.
Querer sem interferir...
Desejar sem possuir...
Amar sem exigir...